Neste dia a ideia era irmos até Figueires ver o Museu Dalí, mas quando chegámos à estação, munidas com o horário dos comboios e o mapa de como chegar ao Museu, descobrimos que umas máquinas só vendem bilhetes para os comboios locais e outras só vendem para os de longa distância - nenhuma vende para os de distância "média". Adivinhem em que categoria entra o trajecto Barcelona - Figueires... Ora, a fila para a bilheteira dos comboios de média distância estava - surpresa das surpresas - tão comprida que seria impossível comprarmos o bilhete a tempo de ainda apanharmos o comboio que queríamos, portanto fomos forçadas a uma mudança de planos.
Deixámos Dalí para o dia seguinte, e fomos antes apreciar uma das obras de Gaudí: o espantoso Parc Güell.
O parque é realmente incrível, e para além dos conhecidos bancos ondulados cobertos de pedacinhos de azulejo, e do famoso lagarto logo à entrada, está cheio doutros pormenores curiosos, como estas "ondas" de pedra:
... ou as casas logo à entrada, que parecem feitas de açúcar:
Mas acho que o que mais me deslumbrou foi esta zona, que a minha guia-anfitriã me explicou tinha inicialmente sido pensada como um espaço para o mercado (mas que nunca chegou a ser usado para tal). Eu já estava a achar um piadão ao facto de as colunas que suportam o tecto estarem em ângulos bizarros, mas isso a modos que passou para segundo plano quando a Rain me apontou o tecto.
Desgraçada, depois disso teve que esperar um bom bocado enquanto eu andava de olhar esgazeado para trás e para a frente, a apreciar as diferentes formas e cores, e tirar milhentas fotografias... Quase me senti uma turista japonesa! Quando finalmente deixámos para trás o Parc Güell, íamos a descer a rua quando encontrámos uma rua toda decorada para as festas locais – e o melhor é que as decorações eram todas feitas com garrafas de plástico e outras embalagens!
Seguimos caminho, e fomos almoçar num jardim com vista para a Sagrada Família, onde até conseguimos encontrar um banco quase à sombra!
Demos uma voltinha pelo exterior daquela que vai passar a ser a nova catedral de Barcelona - quando um dia estiver acabada - a deleitar-nos com os pormenores que o sr. Gaudí escondeu em cada recanto, e depois fomos apanhar o teleférico para subir até ao Castell de Montjuic.
Do teleférico têm-se umas vistas bonitas da cidade e do verde do monte. Quando chegámos, ficámos entusiasmadas com o anúncio de uma exposição sobre o futuro do Castell, já que aparentemente andam há uns tempos a discutir o que fazer com aquele espaço (que foi devolvido pelas forças armadas há poucos anos). Uma exposição sobre o futuro do Castell, pensámos nós, iria finalmente dizer para que ia ser usado, ou pelo menos mostrar quais eram as diferentes hipóteses em debate. Afinal, a exposição era mais uma história do castelo do que outra coisa - de "futuro", só uma animação no final que mostrava a construção de um anfiteatro algures... Impressionadas com esta exposição visionária, seguimos até ao topo da fortaleza para apreciar a vista do mar (e do porto).
Parámos para beber qualquer coisa num quiosque ali à entrada do castelo, e causámos algum embaraço ao empregado quando este se apercebeu que percebíamos castelhano, incluindo os comentários que ele tinha estado a fazer ao colega... Ainda bem que não comentámos muito a situação ali, porque logo a seguir descobrimos que o colega era brasileiro!
Já refrescadas, começámos a descer o monte, parando, claro, para andar neste escorrega:
Um rapaz inglês sentiu-se inspirado e fez o mesmo, mas não conseguiu convencer a cara-metade... o que nós achámos bastante triste... Mas pronto, lá seguimos pelo monte abaixo em direcção ao estádio olímpico, cuja fachada clássica parece destoar um bocado do "espírito" de Barcelona, mas enfim, quem sou eu para questionar... À entrada do estádio há um pormenor brilhante: no chão vêem-se as pegadas de várias estrelas do desporto mundial. O meu 35 até nem parece muito pequeno ao lado do pé da Nadia Comaneci, mas havia outros em que a perspectiva era bem diferente, garanto... Confesso que também achei uma certa piada a comparar os tipos de sapatos do pessoal dos vários desportos (filha de sapateiro, irmã de desportista, só podia dar nisto!).
Na descida ainda passámos na Font Magica, mas ainda faltavam umas horas para o espectáculo, portanto decidimos antes ir comer um Bikini (que noutras línguas menos gráficas se chama tosta mista) num jardimzinho enquanto víamos os velhotes das redondezas a passear os cães - ou, nalguns casos, os cães a passear os velhotes...
A caminho de casa, passámos na estação de comboios para comprar bilhetes para Figueires para o dia seguinte. Resposta do senhor da bilheteira: não podem – para estes comboios só se podem comprar bilhetes no próprio dia!